sábado, junho 14, 2008

Histórias de Vampiro - LIvro 2 Capítulo 2

- Sábado no Elísio, sociedade vampírica reunida, festa abundante, mas com certeza a festa não estava completa, posto que a maior estrela ainda estava por vir. Aquela, a que paralisava a todos com sua beleza, aquela que nunca podíamos deixar de olhar.Uma mistura inebriante de Diana com Afrodite, com ares de uma madona de Michelangelo. Sempre passa por mortal com seu rosto que faria os anjos chorarem porque até mesmo eles duvidariam de sua essência maligna. Oh meu Deus! É chegada a bela! Eu não tenho como não contemplá-la como a um anjo: sua aura é a mais dourada que eu já vi e seu rosto é rubro fazendo suas maçãs do rosto parecerem como as de um putto italiano...

- Olá Adones! Noite agradável, não?

- Como não poderia ser, minha cara? – Por Zeus! Minha perdição é olhar nestes olhos...olhos perfeitos que me lembram tão ternamente do mar da Grécia! Ela só pode ser a encarnação da Deusa Afrodite. Seus lábios...

- Algum problema, Adones? Acaso a minha presença não vos agrada?

- De forma alguma Fantine! Como poderias pensar em tal coisa? Não, claro que não! Eu apenas estava tentando me lembrar de algo para dizer-te.

- Por favor, não faça cerimônia.

- Não. O que estou tentando me lembrar é muito antigo...gostaria de ouvi-lo mesmo assim?

- Oh, por favor!

- “Com seu esbelto colo e peito radiante tem por cabelos verdadeiros lápis-lazúli; seus braços superam os da deusa do amor e seus dedos são como cálices de lótus. Ela, ‘a de nobres andares’ quando pisa a terra faz com que todos se voltem para contemplá-la e é como se contemplassem aquela que é a Única...” - juro que vejo agora seu rosto ruborizar-se. Se eu ainda respirasse, juro que estaria ruborizado também –

- Acaso estes versos se referem a alguém em especial?

- Sim. A Nefertiti. Uma deusa sobre a terra – “assim como você” eu deveria dizer, mas meu excessivo pudor não me permite –

- Então você se interessa sobre história egípcia?

- Faz alguns anos que estudo incessantemente e...

- Acho que tenho algo que poderia vos interessar.

- (ai, aquele olhar malicioso-inocente!) Sim, decerto que sim. Acaso depois que sairmos daqui você aceitaria compartilhar vitae comigo enquanto me apresenta sua relíquia?

- Como você sabe que se trata de uma relíquia?Eu não mencionei...

- Decerto que é uma relíquia,pois do contrário jamais estaria sendo tão cordial comigo. Eu bem sei que senhores como Dough Harris têm muito mais apelo do que eu, não é mesmo? – seu rosto ao invés de corar empalideceu-se desta vez. Eu deveria saber que ela não tinha se rendido ao meu “charme”-

- Que seja, senhor. Após esta reunião me encontre no salão secundário e nós iremos a sua residência. Mas por favor, fale baixo. As Harpias estão nos rondando incessantemente. Eu não quero me envolver em boatos e...

- Entendo perfeitamente. – acredito que o meu sorriso de canto de boca meio amarelo não convenceu muito...

- Até mais, senhor.

- Ate breve, Afrodite. – desta vez ela desestabilizou seu andar, mas manteve a compostura enquanto ia se atirar para Dough Harris. Sim, ela é uma exímia cantora de ópera, sim, ela pinta quadros virtuosamente, sim, a sua voz é a mais doce que já ouvi, mas não, ela não é muito inteligente! É certo que possui erudição mas falta a ela um pouco mais de sensatez, talvez um pouco mais de...Talvez ela devesse se interessar por pessoas mais eruditas. Mas ela quer ser primeira-dama ao que parece, já que se inclina sempre que pode ao seu candidato favorito ao trono. A sua beleza é de fato inigualável e eu, se ela ma amasse, a amaria devotamente pela eternidade, mas tenho certeza de que ela tem outros planos.

Algumas horas depois...

- Vejo que estavas ansiosa por me ver, não?

- Não faça ironias, Adones. Apenas delicie-se com a honra em me ter por companhia esta noite.

- Que seja. – aquele sorriso...’Esta noite’, ela disse, e então por toda esta noite ela será minha!

- Devemos ir com o meu motorista ou com o seu?

- Decerto que com o meu, posto que não confio em mais nenhum, minha cara. – devolvi seu sorriso com o sorriso mais franco que pude inventar, logicamente ela queria mais de mim do que uma boa noite.

- Como quiser. Eu não me importo com futilidades.

- Compreendo – desta vez tive de utilizar mais do que todo o meu sarcasmo junto. Então justamente “ELA” vinha me falar de futilidades? Essa é boa, muito boa.

- Já que compreende, que tal se deixarmos este salão antes que as Harpias resolvam dar conta do que estamos conversando?

- Como quiser, Fantine. Seja feita a sua vontade minha bela dama...

Uma hora depois

- Bem Fantine: estamos no meu escritório pessoal e ninguém além de mim e de quem eu desejar pode estar aqui o que significa que estamos em local seguro. Pode me mostrar o que você tem.

- Bem, acredito que com seu vasto conhecimento você já sabe o que isto é, não?
- Sim, claro que sei. Este é um papiro da décima-oitava dinastia egípcia. Conheço seu símbolo com exatidão.

- Perfeito. Mas não tenho conhecimento suficiente para decifrar tudo o que aqui está escrito, eu precisaria de muito tempo e eu tenho pressa de saber o que está escrito nele, pois tudo o que eu pude compreender foi muito intrigante. Intrigante demais para ser esquecido...

- Sim, minha cara, o que você conseguiu entender?

- É um pouco confuso demais, mas o certo é que se refere ao Período Amarmiano.

- “Período Amarmiano”, vejo que é muito mais ilustrada neste assunto do que eu pensava. Este papiro fala de Nefertiti e Aquenáton?

- Mais do que isso. Ele conta a história do reinado e ao que parece fala de sua queda.

- Sim mas exceto a curiosidade histórica que isso possa provocar o que teria de tão interessante ou intrigante para fazer você vir me procurar e não a outro?

- Eu não poderia deixar este papiro em qualquer mão.

- E por que não?

- Você vai entender assim que o ler, melhor do que eu, acredito.

- Mas isso – realmente eu não posso acreditar no que está em minhas mãos – isso não é apenas uma relíquia, é um segredo muito sombrio. Aqui diz: “esta é a história daquele e daquela que se levantou sob o sol, sobrepujou o poder da lua e reinou sobre os mortais marcando-os com o sangue. A lua levantou-se ainda mais uma vez e destruiu o reinado que duraria 1000 anos ou mais”. E depois diz: “diz a profecia que a lua de sangue trará de volta a grande rainha do Egito, que deverá completar os intentos de seu consorte e reinar sobre todas as coisas vivas”.

- Mas isso...

-Calma que tem mais: A grande rainha encontra-se agora em terno repouso sob as águas profundas do Nilo aguardando serenamente o chamado do Deus-vivo, Áton. Minha senhora, você me permite ficar com este papiro por mais do que uma noite?

- O que me pede é demais, não acha?
- Não. E você também não acharia se soubesse do que sei.

- E o que você sabe?

- Seja a minha consorte a saberás tudo o que quiser.

- Você me ofende com tamanha sandice.

- Vamos, minha cara, acredito que se eu fosse Dough não estarias tão ofendida. Às vezes acho que você me considera tão pavoroso quanto Árcon.

- Não, por favor, não pense assim, mas eu...

- Você se acha muito ambiciosa, mas para seu azar, eu também e juntos conquistaremos Malta, se você quiser. Eu não tenho tantos recursos financeiros quanto o Dough, mas tenho outros encantos. Você achará a minha biblioteca e o meu museu particular fascinantes, tenho certeza. Apenas me dê uma noite.

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