sábado, maio 10, 2008

A Chegada da Maturidade

A minha subjetividade romântica foi por anos a fio constituindo-se através de uma estranha mediação entre a literatura e a realidade. Escritores franceses foram muito mais do que inspiração, eles foram e são constituição de mundo, e por que não dizer, legítima produção de subjetividade.
Mas o que tinha Victor Hugo a me dizer sobre a vida? Eu lia seus romances e pensava: então isto é o amor! Nada como o amor romântico para permear os pensamentos de uma jovem de 15 anos. Me via como Gilliat, devotado por Dèruchette até o último segundo. O amor de Gilliat era de um tipo tal que se poderia viver ou morrer pela felicidade de outrem. O amor romântico é o amor não maculado pela realidade. A realidade põe tudo a perder. Se Gilliat tivesse o amor de Deruchette certamente tornaria-se um pescador gordo e grosseiro. (rs)
Então fui crescendo e buscando em vão este amor devotado, buscando alguém que pudesse aceitar meu amor tal como o tinha para oferecer. Para mim amar era oferecer-se ao sacrifício, era adoração, verdadeira devoção. Esperei em vão que um dia pudesse existir alguém que merecesse a minha escravidão voluntária. Minha busca tornávasse cada vez mais vã, afinal, alguém para ser digno deste amor teria que ser no mínimo um cavaleiro medieval e por que não dizer, um paladino. Minha fantasia era como uma versão atualizada do "príncipe encantado": teria que ser inteligente, viril, distinto e seguro de si. Sempre achei estas qualidades bastante razoáveis, mas depois descobri que são características quase impossíveis de serem encontradas em conjunto.
Passei então meus poucos anos de vida amorosa colecionando namorados. Com alguns eu insisti mais e com outros menos e sempre a mesma insatisfação reinando soberana. E não era para menos, pois buscava um ícone e não um homem.
Neste exato momento, curtindo uma inédita solteirisse, penso que perdi meu tempo em uma luta insólita. Não que não acredite mais no amor, mas sinto a necessidade de deixar Victor Hugo para trás e escrever a minha própria história. Não preciso mais de outros que me admirem e prostrem-se diante de mim e nem que me digam daquilo que já sei. Com a eminente chegada da maturidade, eu posso amar sem medo e sem idealizações, sem pensar em prícipes que matam dragões e simplesmente viver por mim mesma!

4 comentários:

Anônimo disse...

E aí ainda acha que nimgem lê o seu blog????

Nih disse...

às vez eu acho que sim, às vezes acho que não. Atualmente estou convencida de que tenho exatamente 6 leitores.
Um abraço!

Zek disse...

Eu tenho bem poucos nesse blog !!! mais sei la acabo escrevendo por min mesmo, para me expressar e nem ligo mais se nimguem lê.

Nih disse...

Gosto de ter este espaço...Não sei se me importo muito com a quantidade, mas...
Gosto de brincar com isso...às vezes curto um humor meio auto-depreciativo...