quarta-feira, janeiro 16, 2008

Da Estupidez do Amor

Coisa espantosa é o amor!
Coisa ridícula é o amor!

Quão contraditório pode enfim ser o amor?
Quão arriscado pode ser?

Que pode uma alma apaixonada,
Já que o amor liberta e aprisiona?
Tudo. E o mesmo tempo nada.

Tudo, pois a sanidade será sempre inversamente proporcional a seu amor
E nada, pois nada pode diante do ser amado, senão devotar-se.

O amor não conhece fronteiras, limites, condições;
o amor não conhece a temperança, a lucidez, o bom senso;
O amor não sabe esperar, não conhece o tempo;

Conhece apenas a urgência do palpitar do coração e a duração do infinito.
Conhece as mãos trêmulas, a respiração ofegante, o frio na barriga;
A sensação de quase morte que antecede um beijo.

As cartas de amor nunca lidas; as palavras nunca pronunciadas
Os planos nunca realizados; a sucessão de encontros e desencontros
que antecedem o soluçar diante da perda;
as cicatrizes ocultas sob o véu ilusório do esquecimento.

Das histórias dos amores bem-sucedidos nada se conhece,
Pois não existe poeta que não se alimente das próprias agruras
Porque a musa consola seus amantes com a inspiração,
até o secar da fonte.

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