terça-feira, julho 17, 2007

Manifesto por uma ciência humana não newtoniana


Reconhece-se de fato e de direito a notável contribuição do físico Newton em relação a todas as ciências modernas. Reconhecemos também que sua contribuição vai além do campo das ciências naturais: sua concepção de ciência influenciou e pautou fortemente também todas as ciências humanas e foi reconhecidamente responsável pelo seu progresso até então.
Mas então o que falta às ciências humanas? Cremos que as ciências humanas, que não são até então apenas “newtonianas” mas também excessivamente positivistas , chegaram neste ponto a seu momento derradeiro e talvez a seu limite. Atualmente a academia se encontra lotada de diletantes, descompromissados com a realidade e mais preocupados com o financiamento de sua pesquisa e com a segurança alcançada pelo prestígio adquirido. Que dizer dos graduandos? Perdidos entre proselitismos e doutrinações diversas, trabalhando tal como seus mestres: pautados por limites e citações corretas pela ABNT e mais nada. Está instalado o reino da mediocridade nas mais diversas áreas do conhecimento. A partir disto, qual tema será pesquisado? Sempre aquele que esteja comprometido para a manutenção do sistema e de suas hierarquias. O que há de novo na academia? Apenas mais do mesmo, numa espiral de mais e mais mediocridade e reprodução incessante do óbvio ululante.
Mas o que queremos de fato? Queremos linhas de fuga. Queremos sim uma “über-ciência”, queremos a superação. O mundo mecânico cartesiano já não pode valer mais. Queremos as ciências humanas de mundo quântico, que não seja apenas razão, mas também sensibilidade, que não seja apenas lógico mas também envolvente! Queremos enterrar de vez o fantasma de Newton das ciências humanas tal como já fez a física. Estamos atrasados!
Onde as ciências humanas podem intervir neste ser histórico e ao mesmo tempo natural, que é o homem? O obstáculo é capcioso: o próprio homem! O que pertence ao homem, que escapa à mensuração e o que não escapa? Como diferenciar?Nós, seres humanos, muito mais do que emitir sons, fazemos música; muito mais do que dizer enunciados, produzimos discursos e subjetividade; comunicamos, porém muito mais do que isto criamos lirismo, literatura. Enfim, fazemos ciência, mas ao fazê-la inventamos o homem, produzindo discursos sobre o homem e para o homem. Acordemos pois para esta nova realidade, reestruturando as ciências da humanidade não apenas como taxonomias aristotélicas, mas como lirismo, sonho, fantasia, sensibilidade, interação, sanidade, loucura, revolta, revolução. Queremos exorcizar, promover catarse, demolir até os alicerces e apostar naquilo que virá depois:

“Não queremos mais saber do lirismo que não é libertação!”

Um comentário:

Robby disse...

Não sei como vim parar aqui, mas... segundo Lacan, "toda mensagem chega ao seu destinatário". E ele o disse em tempos que sequer havia internet.

É maneiro seu manifesto. O que me supreendeu é o modo como ele termina, bem parecido com um texto que eu postei no iníco do ano sobre o problema da verdade.

Lendo o seu outro texto, sobre "mulher e o corpo" fiquei com a sensação de que alguma forma a gente devia estar se comunicando nesta época. Talvez uma sincronicidade junguiana (muito em voga hoje em dia às vésperas de show do Police), talvez uma comunicação própria da época, do tempo, da história.

Enfim... se vc. puder leia e, se possível, comente...
"Poetas e Mulheres" In http://robertopreu.blogspot.com/